18 de dezembro de 2011

Comunicação

Todos os dias, ou quase todos, damos de caras  com a necessidade de nos deslocarmos a uma casa de banho pública. Então, assim o fazemos, e conforme as nossas "necessidades" o fazemos durante um curto espaço de tempo ou podemos demorar eternidades.
A verdade é que, sempre que faço tal visita, dou por mim a tentar observar cada canto do espaço aborrecido em que me encontro. Por vezes, tenho cartazes de propaganda a preservativos, outras vezes, os típicos avisos para colocar o papel no balde do lixo. A verdade é que, no fundo todos nós vemos isto e sabemos que existe porque não conseguimos evitar dar uma olhada enquanto fazemos "o serviço" e é neste contexto que o meu trabalho se inicia.
Quando me sento e me deparo com diversos tipos de escrita na parede não consigo parar de os ler e daí consigo perceber o tipo de pessoa que os escreveu, o contexto e as ideias que tentaram transmitir. A parede da casa de banho é um meio de comunicação tal como todos os outros e, dependendo do local, será considerado um verdadeiro museu, com passagens de datas longínquas ou, consequentemente um acto de completo vandalismo e sem carácter.
Esta é a porta de uma casa de banho da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Todo o habitual assíduo deste local conhece a discussão presente nesta porta. Aqui discutem sobre a praxe.
Como não pude deixar de reparar, vários alunos/as da faculdade e fora dela discutem sobre este tema o que é extremamente interessante. O que leva as pessoas a manter o interesse em responder ás outras? Quem são essas pessoas? Ao mesmo tempo podemos observar alguns desenhos inclusive um pedido educado para "vestir" a boneca desenhada no canto inferior direito. Como pode isso ser vandalismo?
Seria de esperar que numa escola artística as portas das casas de banho, assim como as paredes dos recintos, fossem mais preenchidas com desenhos e passagens escritas. Apesar disso, o olhar atento ainda consegue observar assinaturas de alunos de anos passos assim como de alunos estrangeiros.

Existe sempre um interesse em responder ao outro, e o facto de cada um se manter no anonimato é ainda mais uma tentação maior, pois podemos dizer o que quisermos sem correr algum risco. A verdade é que as pessoas procuram sempre algo para ler e ver durante a sua visita a uma casa de banho pública. Uns levam um jornal, uma revista e outros, como eu, entretém-se a ler passagens de outras pessoas.

É neste aspecto que pretendo focar a atenção. 
A vontade de "dar " a alguém algo para ler e para ver, algo que provoque tal sensação como a vontade de me responder e algo que transmita algo de mim, identidade artística. Tudo isto como um entretenimento cómico.

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